O Parque Ecológico do Eldorado foi palco, no último sábado (30), da Manhã de Cidadania com Migrantes e Refugiados, um importante evento que visa a integração dos habitantes de Contagem com povos do mundo inteiro que aqui chegaram refugiados ou guiados pelo desejo de morar na cidade.
O evento foi aberto pelo secretário municipal de Direito Humanos, Marcelo Lino da Silva, que saudou os presentes. “É um privilégio estar aqui nesta manhã e participar desta iniciativa, pois o fato de sermos humanos transcende qualquer etnia ou nacionalidade. Claro que nossas origens e nossas identidades são importantes e estamos aqui hoje para celebrá-las em um movimento multi-cultural, um movimento de troca, de socialização e de inclusão”, declarou.
A funcionária da Superintendência de Projetos Especiais da Secretaria de Educação e uma das organizadores do evento, Edirléia Pádua, explicou que um dos objetivos do encontro é dar visibilidade aos imigrantes. “É importante também para fazer com que as pessoas conheçam nossas atividades e tornar o município acolhedor para as pessoas que optaram por morar na cidade. Temos foco na pauta da diversidade. Um dos diversos programas inclusivos que promovemos é o Escola sem Fronteiras, que visa o ensino da língua portuguesa aos estrangeiros. Atendemos 18 escolas da rede municipal com 52 alunos matriculados, mas também trabalhamos com os adultos para que eles sejam inseridos no mercado de trabalho”, contou.
Segundo um estudo da Universidade Católica, Contagem é moradia de cerca de mil e quinhentos imigrantes, concentrados em maior número nas regiões do Ressaca, Petrolândia e Industrial. O Haiti é o país com maior número de migrantes, chegando a representar 97% dos estabelecidos na cidade. As causas principais da migração são os terremotos e o desemprego.
O pastor Evetil Achelus, 68, representante de um grupo cristão estabelecido no Petrolândia, está no país desde 2010, fugindo dos terremotos. Na ocasião, ele se aproveitou de um acordo entre os governos brasileiro e haitiano que permitiu a migração legal. Ele agradeceu ao governo e ao povo brasileiro pela calorosa acolhida, mas também aproveitou para fazer uma reivindicação. “Tem uma coisa que ainda é falha: os nossos filhos têm acesso ao ensino fundamental e médio, mas a integração universitária ainda não temos. No Paraná e região sul já existe essa integração para os jovens estrangeiros. Em Minas ainda não. Em nome dos imigrantes, pedimos que as portas das universidades sejam abertas para nossos jovens”, disse.
Seu filho Gegi, 18, que luta para ser candidato a uma vaga de engenharia mecânica, completa. “Eventos como o de hoje são importantes pois dão visibilidade a nossa voz, a voz do jovem estrangeiro que clama por educação. Nós não viemos apenas para trabalhar, mas para ampliar o nosso conhecimento e a universidade é o meio que nos ajuda nesse caminho. Já temos trabalho, saúde e educação básica, mas precisamos ampliar nosso conhecimento para o amanhã e para contribuir para o crescimento do Brasil”, completa.
A Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) também marcou presença no evento através da sua equipe de educação ambiental, que distribuiu cerca de 200 mudas de plantas ornamentais ao público presente.
