Na manhã desta sexta-feira (28), a coordenação do setor de Saúde Mental promoveu o evento “Diálogos em rede”, que abordou o tema “saúde mental, trabalho e reabilitação psicossocial”. A ação aconteceu no auditório da Nova Faculdade, no bairro Cidade Industrial. Um público de cerca de 50 pessoas, servidores da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) do município, esteve presente ao encontro.
A oportunidade propiciou momentos de integração e de capacitação por meio da apresentação de um caso clínico pela convidada do evento, a psicóloga e mestre em Psicologia Social e do Trabalho pela UFMG, Adriana de Paula Reis. A tese de mestrado de Adriana, intitulada “Percursos no SUS: a saúde mental relacionada ao trabalho a partir da atenção primária à saúde”, é fruto de uma pesquisa feita pela psicóloga entre os anos de 2014 e 2016 na rede SUS / Contagem.
A pesquisa apresenta quatro percursos de casos clínicos, e um deles foi especialmente selecionado para a discussão com os participantes, por exemplificar como o estudo de um caso pode apontar caminhos para as condutas no atendimento estruturado em rede. “O paciente foi ensinando o caminho do CAPS à Atenção Primária e à reabilitação psicossocial”, explica a pesquisadora Adriana de Paula. O caso em questão também mostra como o trabalho pode ser uma potência geradora de saúde mental, na medida em que suas atividades tenham sentido para a pessoa que o executa: o trabalho é um dos fatores determinantes da saúde, e pode tanto “curar” quanto “adoecer”. “O trabalho pode ser um recurso terapêutico. Não qualquer trabalho, porque tem aquele trabalho que até pode levar ao adoecimento: tem que ser um trabalho com sentido para a pessoa”, destacou a psicóloga Adriana de Paula.
A psicóloga da RAPS de Contagem e facilitadora do Projeto Teia, Pollyana Lúcia Costa Santos, ressaltou que a discussão em torno da apresentação de um caso clínico é uma forma de capacitação que permite replicar os aprendizados gerados em outros casos. “O caso conduz a formas e produções de cuidado em rede”, diz a psicóloga Pollyana.
O Projeto Teia – Território, Entrelaces, Inclusão, Autonomia – é realizado por meio do Grupo Cultivarte, que reúne pacientes com histórico de isolamento, exclusão e internações psiquiátricas, familiares e trabalhadores da rede de Saúde Mental de Contagem. A partir da inclusão no Cultivarte, esses pacientes mantêm tratamento contínuo nas Unidades Básicas de Saúde (UBS).
A referência técnica do setor de Saúde Mental da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), a psicóloga Carla França, comentou que as reuniões de colegiado com os integrantes da RAPS “são importantes para termos essas oportunidades de alinhamento. O colegiado traz a proposta de sempre pautar capacitações aos profissionais e fomentar discussões a partir do caso clínico”. Um colegiado é uma forma de organização em grupo em que há representações diversas e decisões tomadas em grupos.
O coordenador do setor de Saúde Mental da SMS, Willy Simões, explicou que está em curso um processo de reestruturação do modelo de trabalho da RAPS e que essa reestruturação inclui a ampliação de ações desenvolvidas no Centro de Convivência Horizontes Abertos para os distritos sanitários da cidade, na interface com o projeto Teia. “A proposta é de reinserir o paciente na sociedade. Não é só a busca de tratamento medicamentoso, mas também contribuir para a geração de renda e promoção da autonomia através da reabilitação psicossocial e familiar desses usuários atendidos pela rede”, detalha Willy. Ainda segundo o coordenador, a ideia é de promover encontros similares mensalmente, com um convidado e a apresentação de um caso clínico.
O evento Diálogos em rede aconteceu no contexto do Setembro Amarelo, campanha que tem como objetivo conscientizar quanto à importância da prevenção do suicídio.