Já imaginou ter uma vista privilegiada da região onde mora e/ou trabalha, com imagens feitas do alto? Quais as diferenças em relação à visão que tem quando caminha pelas ruas? Será que muda muito ao observar os cenários de variadas cores, formas e perspectivas eternizados nestas fotografias?
A partir de hoje, o acervo de fotografias da Secretaria de Comunicação e núcleos de comunicação de outras Pastas será usado para contar um pouco da história da cidade na série “Contagem vista de cima”, com imagens de várias partes do Município. A publicação objetiva divulgar o rico patrimônio urbanístico e fortalecer a identidade dos contagenses com a terra onde vive. A primeira reportagem da Série destaca a regional Eldorado, com fotos tiradas nos últimos 13 anos (2006 a 2019).
Em 20 de junho de 1954 foi aprovada a planta do bairro Cidade Jardim Eldorado, com quatro mil lotes. Na década de 50, as atividades econômicas em Contagem baseavam-se no comércio agropastoril e no trabalho das primeiras indústrias em funcionamento na Cidade Industrial. Naquele tempo, a vida pulsava sobretudo na Cidade Industrial e regional Sede. Poucos eram os moradores do Eldorado.
[caption id="attachment_32359" align="aligncenter" width="700"] Ao longo do século XX, a região conviveu com o crescimento populacional (Foto: Ronaldo Leandro - 13/11/2009)[/caption]Ao longo da segunda metade do século XX, contudo, o local foi crescendo em importância e população. De uma região constituída basicamente por atividades de apoio à indústria, como comércio de peças, oficinas mecânicas e depósitos de construções, se transformou na mais populosa de Contagem. São mais de 115 mil pessoas, 19% da população, segundo o Boletim de Informações e Dados Urbanos (Bidu) da Secretaria Municipal De Desenvolvimento Urbano (SMDU).
O Eldorado acabou se firmando como o centro comercial de Contagem. É cortado pela avenida João César de Oliveira, que liga o Centro Industrial de Contagem (Cinco) ao Parque Industrial Coronel Juventino Dias. A avenida principal é uma homenagem ao pai do ex-presidente Juscelino Kubitschek.
O parcelamento do bairro segue o relevo do solo e se constitui de ruas circulares, privilegiando pedestres, em detrimento aos automóveis.
[caption id="attachment_32365" align="aligncenter" width="700"] O Cinco congrega grandes empresas geradoras de trabalho e renda (Foto: Milton Rocha - 21/1/2006)[/caption]Urbanização
O bairro foi tecnicamente estudado e planejado para se tornar um modelo para os demais, oferecendo modernas condições de moradia, comércio, estudo e lazer a mais de quatro mil famílias. O nome é uma referência à lenda do El Eldorado, um lugar cheio de riquezas. Porém, o projeto original não foi executado e a região conviveu com problemas relacionados ao processo de urbanização intensa e desordenada, a exemplo do que acontecia no restante do país a partir da década de 1950, quando o Brasil passou a se tornar um país com população eminentemente urbana.
A regional é constituída por 39 localidades, entre bairros, vilas, aglomerados, conjuntos residenciais e dois distritos industriais. Os quatro mil lotes iniciais tornaram-se mais de 36 mil domicílios.
[caption id="attachment_32369" align="aligncenter" width="700"] A Vila Marimbondo é uma das 39 localidades que compõem a regional (Foto: Ricardo Lima - 17/4/2019)[/caption]Mas, a despeito de tudo isso, o Eldorado se desenvolveu intensamente, passando inclusive a gerar receitas tributárias significativas para o Município, notadamente a partir da reforma tributária de 1966, que propiciou a elevação da arrecadação municipal.
Ocupação
Na década de 70, o projeto Comunidade Urbana de Recuperação Acelerada (Cura), programa do extinto Banco Nacional de Habitação (BNH) de financiamento de obras de urbanização e construção de equipamentos urbanos, passa a influenciar a dinâmica espacial de Contagem, introduzindo mudanças no padrão de ocupação do eixo de ligação entre a Cidade Industrial e a Sede Municipal.
[caption id="attachment_32399" align="aligncenter" width="700"] A praça da Glória recebe contagenses e visitantes em uma das áres de lazer da cidade (Foto: Divulgação - 24/3/2017)[/caption]“Essa nova configuração naturalmente alterou a forma de as pessoas se relacionarem com o espaço comunitário do seu entorno. Analisando Contagem nas últimas três décadas é possível acompanhar o relativo abandono de seus espaços públicos urbanos do período em que o Município se desenvolvia economicamente sob o advento da Cidade Industrial até a retomada do uso destes espaços, a partir de meados da década de 1990”, aponta Simone Ramos, mestre em arquitetura pela UFMG, autora do livro “Patrimônio Cultural em Contagem: espaços, identidades e funções”, fruto da dissertação de mestrado da pesquisadora e publicado em 2017.
Hoje, a paisagem do Eldorado, que dá nome a uma das oito regionais administrativas da cidade, está repleta de locais com valor simbólico e que ajudam a criar uma identidade cultural contagense.
[caption id="attachment_32376" align="aligncenter" width="700"] A Feira do Eldorado é um dos pontos pelos quais a população criou identidade (Foto: Elias Ramos - 21/8/2010)[/caption]Crédito das fotos: Elias Ramos, Milton Rocha, Ricardo Lima, Ronaldo Leandro e Divulgação
Pesquisa do acervo fotográfico: Ricardo Lima
Fontes técnicas da Secretaria Municipal de Cultura, Esporte e Juventude: Alexandra Ponsá, Nélio Murilo Sanches e Thomaz dos Mares Guia, que compõem a equipe técnica da Diretoria de Políticas de Memória e Patrimônio Cultural
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