Cerca de duas mil pessoas lotaram a avenida João César de Oliveira neste sábado (20/5), durante a “9ª Marcha de Enfrentamento ao Racismo", iniciativa que integra o calendário de atividades do “Mês de Enfrentamento ao Racismo” e do programa “Contagem na Década Afrodescendente: Reconhecimento, Justiça e Desenvolvimento”.
A marcha contou, entre outros, com participação de estudantes da Fundação de Ensino de Contagem (Funec), da rede municipal e estadual de educação, comunidades tradicionais de matrizes africanas, movimentos sociais negros de Contagem. A atração cultural ficou por conta do grupo Filhos de Zambi, da capoeira e tambores da Associação dos Moradores do bairro Novo Progresso II e do bloco A Justiça não é Cega.
O superintendente de Políticas para Promoção da Igualdade Racial , João Pio, afirmou que essa é mais uma oportunidade de dialogar com a cidade, de pensar uma Contagem antirracista, e que a participação da sociedade civil, povos tradicionais e dos movimentos negros, em geral, na construção dessa realidade, é fundamental.
“O racismo é uma realidade que deve ser enfrentada cotidianamente. Mais antes que ser contra racismo, é preciso ser antirracista. Por isso é preciso pensar em políticas públicas, ações que enfrentem diariamente e, efetivamente, o racismo, e que, de fato, integre a população negra na sociedade. Que todos assumam o compromisso de enfrentamento”, relatou.
Diante disso a mensagem da Marcha de Enfrentamento ao Racismo é que é necessário fortalecer, junto a população, a conscientização e a luta antirracista contra a intolerância religiosa e às desigualdades raciais, além de promover a equidade de direitos para todas as pessoas, independentemente de sua origem étnica e religião.
A “Marcha de Enfrentamento ao Racismo” também serve de grande incentivo para que a população reflita sobre a necessidade de combater o racismo estrutural, que está empregado na sociedade em diversas áreas, como educação, emprego e segurança pública.
A estudante Gabriela Vitória Menezes Alves, da Funec Cruzeiro do Sul, participou da manifestação. A estudante, negra, disse que se sente muito feliz de poder participar de uma iniciativa como essa e que isso só está sendo possível agora devido às pessoas negras lutarem, por ano, conseguindo destaques e direitos.
“Como mulher preta, isso aqui tem um lugar especial pra mim. Estamos tendo mais visibilidade, mais oportunidades de falar o que nós pensamos e o que vivemos. Durante muito tempo fomos silenciados, escondidos. Esta marcha, para mim, é uma manifestação que me liberta e faz com que me sinta mais livre, mais confortável e confiante para lutar no dia a dia, sabendo que não estou sozinha”, declarou.
Além de dar visibilidade à causa racial e aos problemas enfrentados pela população negra, a marcha também deu destaque à luta contra a intolerância religiosa. A Mãe Kátia de Lissa, que representa a Regional Sede no Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial (Compir), declarou que este é um momento de união e fortalecimento contra um problema que atinge toda a sociedade. “Esta marcha é um marco importante dentro da política municipal. Buscamos ocupar nosso espaço, reivindicamos nossos direitos e moramos em um país laico. Sendo assim, somos livres e precisamos respeitar a diversidade quanto à religião”, disse. “Para se ter uma sociedade mais justa e igualitária, mudanças importantes devem acontecer nas políticas públicas, nas instituições, dentro das famílias, amigos e, principalmente, na forma de pensar da sociedade, de forma geral. Só assim será possível garantir a verdadeira igualdade racial”, completou.
Por fim, José Sabóia declarou ser emocionante ver tantos jovens engajados na luta contra o racismo e se disse feliz de ver que a população de Contagem está empenhada em lutar por mais igualdade. ““Esta marcha foi maravilhosa, jovem. É muito importante sabermos que a juventude está empenhada na luta contra o racismo, pois o futuro da nossa sociedade são eles”, finalizou.
Galeria de fotos: Newton de Castro Resende